Esse negócio de timidez é complicado. Eu sempre escondi muito bem e muitas pessoas não acreditam em mim quando eu digo que sou tímida. Acho que esse negócio de esconder sentimentos é uma "qualidade" minha que veio de fábrica, porque eu lembro de me esconder no cantinho pra chorar quando estava no maternal. Eu nunca gostei de demonstrar fraqueza, mesmo que eu me sinta perdida em muitos momentos, então eu trato de esconder a insegurança e voz trêmula bem lá no fundo e tudo o que as pessoas vêem por fora é minha expressão tranquila e voz compassada. Tô escrevendo isso pra dizer que manter o blog às vezes é difícil. Expôr meus sentimentos, pensamentos e débeis habilidades de escrita pra qualquer pessoa que tenha acesso à internet é meio assustador, e esse é um dos motivos pelos quais eu já deletei e bloqueei esse e outros blogs tantas vezes. Pouca gente sabe, mas além desse blog eu tenho um outro desde 2008 que nunca foi aberto à acessos (e jamais será).
É normal se perguntar então porquê eu ainda mantenho o blog se eu tenho assim tanta vergonha de me expor. O negócio é que eu sempre gostei de escrever, é algo que me acalma, me deixa feliz. Eu sempre gostei também de dar meu pitaco sobre as coisas e devanear sobre todo tipo de coisa, e nem sempre eu tenho ouvidos e paciências disponíveis pra me escutar, e sei lá, é algo que eu venho fazendo desde que eu tive acesso a um computador e internet (meu primeiro blog foi criado no livejournal em 2006 com um template da hello kitty). Por causa disso eu acho um pouco de disperdício e bobeira deixar de fazer algo que eu gosto por medo de julgamentos, de parecer tosca, de as pessoas acharem que eu escrevo mal.
Enfim. Acho que esse post explica o porquê da minha inconstância, né? :)
setembro 23, 2015
novembro 26, 2014
Saudade
Ela veio muito devagar, quase nem percebi quando chegou. Eu tentei dizer a mim mesma que estava tudo bem e que era algo passageiro. Mas agora, até mesmo a menção dessa palavra que me lembra tanto a minha casa me inunda de saudade. E eu não sinto só falta daquilo que estava tão próximo de mim há pouco tempo. Sinto saudade de acordar em lençóis de margaridas multicoloridas e esfregar os pés recém-tirados de dentro das meias, podendo respirar finalmente depois de um dia inteiro na escola. Sinto falta de ir no quintal de casa e tirar a areia do parquinho dos pés. Sinto falta de comer arroz doce enquanto jogava Super Mario World. Sinto falta de chamar minhas amigas pra ir pedir prenda pra festa junina da escola. Sinto saudade da minha gata e seus enormes olhos azuis. Sinto falta da brisa refrescante em um dia quente de primavera, a minha estação favorita. Sinto falta de como a primavera é em casa. Eu ainda não sei como é aqui, mas sei que vai ser muito diferente. Na minha nova casa eu vejo tantas coisas bonitas... casinhas iguais às que eu desenhava no pré, jardins lindos e janelas decoradas com flores e abajures. As ruas são perfeitas, vazias, cheias de árvores. As pessoas são educadas e respeitam o meu espaço. Tudo o que eu não gostava por lá eu encontro aqui. Mas não parece lar.
É verdade que eu não sinto que lugar algum é meu lar há muitos anos. Mas nada me parece familiar aqui. Tudo parece melhor, mas melhor não é familiar. E talvez nem seja bom. É um pouco confuso, contraditório. Mas os meus sentimentos nunca fizeram sentido (acho que não é pra isso que sentimentos servem). O que eu sei é que esse lugar estranho, diferente, lindo, não se parece com a minha casa. Não vejo gatinhos pelas ruas, não tomo banho gelado, não tomo caldo de cana num dia de sol quente. É, saudade é uma palavra que só existe em português.
É verdade que eu não sinto que lugar algum é meu lar há muitos anos. Mas nada me parece familiar aqui. Tudo parece melhor, mas melhor não é familiar. E talvez nem seja bom. É um pouco confuso, contraditório. Mas os meus sentimentos nunca fizeram sentido (acho que não é pra isso que sentimentos servem). O que eu sei é que esse lugar estranho, diferente, lindo, não se parece com a minha casa. Não vejo gatinhos pelas ruas, não tomo banho gelado, não tomo caldo de cana num dia de sol quente. É, saudade é uma palavra que só existe em português.
novembro 10, 2013
Sobre diários e fotografias
Escrever e fotografar são modos de guardar para sempre algo perecível, como se tivéssemos o poder de congelar um segundo no tempo, eternizar um pensamento ou um pôr de sol.
Eu sempre gostei muito de escrever e fotografar. Talvez não por acaso, eu experimentei o sentimento de perda muito intensamente e por muitas vezes na minha vida. Talvez seja esse desejo de materializar o impalpável e impedi-lo de se desvanecer o que move a minha paixão pelo registro de momentos importantes.
Mas hoje estou questionando as consequências dessa materialização do intocável. O registro de um sentimento encerra em sua tinta e cores o mesmo saber que eu experimentei ao tocá-lo?
A réplica, embora não adicione a si valor por ser réplica, subtrai importância de seu original. É um substituto que, ainda que tosco, substitui. A beleza, uma vez registrada e devidamente documentada, recebe licença para morrer, sem honras ou cerimônias.
Absorto na tarefa de materializar e eternizar o momento, o artista perde a oportunidade de aproveitá-lo plenamente e, portanto, absolutamente.
A raridade e exclusividade contida naquilo que permanece livre, imaterial, não-documentado, cobrem o momento com um verniz de surreal, transformando-o com o passar do tempo em uma lembrança difusa, perdida na linha que separa realidade e sonho.
Eu sempre gostei muito de escrever e fotografar. Talvez não por acaso, eu experimentei o sentimento de perda muito intensamente e por muitas vezes na minha vida. Talvez seja esse desejo de materializar o impalpável e impedi-lo de se desvanecer o que move a minha paixão pelo registro de momentos importantes.
Mas hoje estou questionando as consequências dessa materialização do intocável. O registro de um sentimento encerra em sua tinta e cores o mesmo saber que eu experimentei ao tocá-lo?
A réplica, embora não adicione a si valor por ser réplica, subtrai importância de seu original. É um substituto que, ainda que tosco, substitui. A beleza, uma vez registrada e devidamente documentada, recebe licença para morrer, sem honras ou cerimônias.
Absorto na tarefa de materializar e eternizar o momento, o artista perde a oportunidade de aproveitá-lo plenamente e, portanto, absolutamente.
A raridade e exclusividade contida naquilo que permanece livre, imaterial, não-documentado, cobrem o momento com um verniz de surreal, transformando-o com o passar do tempo em uma lembrança difusa, perdida na linha que separa realidade e sonho.
outubro 29, 2013
setembro 15, 2013
Filmes estranhos, ou legais, ou esquisitos, ou muito bons
Tenho até vergonha de tocar no assunto, então não vou dar explicações para o meu sumiço e vou direto ao assunto: Filmes (you don't say!)!
Vou compartilhar com vocês alguns dos meus filmes favoritos, que costumam seguir o mesmo estilo de livros e músicas que costumo gostar: me provocam sensações engraçadas/esquisitas. Sabe quando você lê/assiste/ouve um livro/filme/música que te causa uma sensação diferente, meio estranha, que te companha por algum tempo, ou até alguns dias? Eu espero que sim, ou vou ter que adicionar isso à minha lista de esquisitices!
É algo parecido com o que a Emi disse sentir sobre ilustrações de um certo artista nesse post (Emi, se eu estiver errada, me corrija!): um quase medo, uma inquietação.
Apesar disso, nem todos os filmes listados têm essa pegada de terror ou medo. Alguns só me causam uma sensação esquisito-estranha porque são realmente muito bons ou mexem comigo, e meio que deixam uma marca no meu cérebro que fica me lembrando: "esse filme é foooda". Acho que mais fácil do que ficar falando, é indicar logo os filmes pra que vocês possam tirar as próprias conclusões. Boa sessão!
Donnie Darko (2001)
Seria capaz de assistir esse filme trocentas vezes, uma atrás da outra, non-stop. E eu acho que pra começar a entendê-lo você precisa assisti-lo, pelo menos, mais de uma vez. A trilha sonora é fantástica, a atuação dos protagonistas é impecável (minha opinião não foi influenciada pelos olhinhos azuis de Jake) e a direção é ótema também.
Submarine (2010)
Já recomendei esse filme pra muita gente e o índice de aprovação foi 100%*. É uma historinha bem água-com-açúcar, sobre dois garotinhos de 15 anos que vivem um romance meio estranho. É uma daquelas histórias que me faz voltar à infância e reviver alguns momentos que, se não fossem trágicos, seriam cômicos (expressão da minha mãe). Fiquei com a sensação de que era amiga dos personagens e que iria encontrá-los mais tarde pra um sorvete. Esquisito, né? Também achei, hahaha.
*meninos também gostaram da história. Não é tão água com açúcar assim, tá?
O Profissional (1994)
Um dos primeiros filmes que assisti e fiquei impressionada com o quanto era bom. É realmente bom. A queridinha do cinema Natalie Portman está bem novinha, mas atua melhor que muito adulto por aí. A personagem de Natalie vai morar com um matador de aluguel que é meio bruto por fora, mas um ursinho por dentro. Já dá pra imaginar o resto da história, né?
The Nightmare Before Christmas (1993)
Depois dele vieram a noiva cadáver e o remake de Frankweenie, mas pra mim essa é a melhor animação do Tim. Assisti quando era bem criança (tenho gravado em VSH hahaha) e acho que as crianças de antigamente tinha quase tanto acesso à coisas mórbidas do que as crianças hoje tem à coisas obscenas (tenho um pouco de vergonha de admitir que até hoje Beetlejuice me assusta). Falo isso porque até hoje me dá um arrepiozinho em algumas cenas, tipo quando o prefeito muda de cara. É um daqueles filmes que, apesar de me causarem certo mal-estar, não consigo deixar de assistir (Os fantasmas se divertem entra nessa categoria).
Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street (2007)
O único músical que não me irrita ou me dá sono, talvez pela quantidade de sangue (haha). Apesar disso, é muito mais melancólico do que macabro, exceto pelo fim. Argh, aquele final...
Dead Poets Society (1989)
Pra dar uma folga pras borboletas do estômago, um filme fofo, doce, delicado, lindo, comovente, etc etc etc. Pra quem tem uma mãe professora, é especialmente tocante pra mim. Realmente bom.
Fahrenheit 451 (1966)
"Em um Estado totalitário em um futuro próximo, os "bombeiros" têm como função principal queimar qualquer tipo de material impresso, pois foi convencionado que literatura é um propagador da infelicidade."
Precisa dizer algo além dessa sinopse?
Vou compartilhar com vocês alguns dos meus filmes favoritos, que costumam seguir o mesmo estilo de livros e músicas que costumo gostar: me provocam sensações engraçadas/esquisitas. Sabe quando você lê/assiste/ouve um livro/filme/música que te causa uma sensação diferente, meio estranha, que te companha por algum tempo, ou até alguns dias? Eu espero que sim, ou vou ter que adicionar isso à minha lista de esquisitices!
É algo parecido com o que a Emi disse sentir sobre ilustrações de um certo artista nesse post (Emi, se eu estiver errada, me corrija!): um quase medo, uma inquietação.
Apesar disso, nem todos os filmes listados têm essa pegada de terror ou medo. Alguns só me causam uma sensação esquisito-estranha porque são realmente muito bons ou mexem comigo, e meio que deixam uma marca no meu cérebro que fica me lembrando: "esse filme é foooda". Acho que mais fácil do que ficar falando, é indicar logo os filmes pra que vocês possam tirar as próprias conclusões. Boa sessão!
Donnie Darko (2001)
Seria capaz de assistir esse filme trocentas vezes, uma atrás da outra, non-stop. E eu acho que pra começar a entendê-lo você precisa assisti-lo, pelo menos, mais de uma vez. A trilha sonora é fantástica, a atuação dos protagonistas é impecável (minha opinião não foi influenciada pelos olhinhos azuis de Jake) e a direção é ótema também.
Submarine (2010)
Já recomendei esse filme pra muita gente e o índice de aprovação foi 100%*. É uma historinha bem água-com-açúcar, sobre dois garotinhos de 15 anos que vivem um romance meio estranho. É uma daquelas histórias que me faz voltar à infância e reviver alguns momentos que, se não fossem trágicos, seriam cômicos (expressão da minha mãe). Fiquei com a sensação de que era amiga dos personagens e que iria encontrá-los mais tarde pra um sorvete. Esquisito, né? Também achei, hahaha.
*meninos também gostaram da história. Não é tão água com açúcar assim, tá?
O Profissional (1994)
Um dos primeiros filmes que assisti e fiquei impressionada com o quanto era bom. É realmente bom. A queridinha do cinema Natalie Portman está bem novinha, mas atua melhor que muito adulto por aí. A personagem de Natalie vai morar com um matador de aluguel que é meio bruto por fora, mas um ursinho por dentro. Já dá pra imaginar o resto da história, né?
The Nightmare Before Christmas (1993)
Depois dele vieram a noiva cadáver e o remake de Frankweenie, mas pra mim essa é a melhor animação do Tim. Assisti quando era bem criança (tenho gravado em VSH hahaha) e acho que as crianças de antigamente tinha quase tanto acesso à coisas mórbidas do que as crianças hoje tem à coisas obscenas (tenho um pouco de vergonha de admitir que até hoje Beetlejuice me assusta). Falo isso porque até hoje me dá um arrepiozinho em algumas cenas, tipo quando o prefeito muda de cara. É um daqueles filmes que, apesar de me causarem certo mal-estar, não consigo deixar de assistir (Os fantasmas se divertem entra nessa categoria).
Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street (2007)
O único músical que não me irrita ou me dá sono, talvez pela quantidade de sangue (haha). Apesar disso, é muito mais melancólico do que macabro, exceto pelo fim. Argh, aquele final...
Dead Poets Society (1989)
"Os homens fazem a sua própria história, mas não o fazem como querem... a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos." |
Fahrenheit 451 (1966)
"Em um Estado totalitário em um futuro próximo, os "bombeiros" têm como função principal queimar qualquer tipo de material impresso, pois foi convencionado que literatura é um propagador da infelicidade."
Precisa dizer algo além dessa sinopse?
Deixei de fora alguns filmes que não acho que precisam de recomendação (Shutter Island, Inception, Into the Wild, Big Fish, Fight Club, Inception, Edward Scissorhands etc.).
É provável que eu faça um post parecida sobre livros e músicas que também são ótimos e por algum motivo, peculiares. Só não farei promessas, porque, né.
:**
outubro 30, 2012
Desamontoando
Minha cabeça (e talvez a de todo mundo) funciona por links. Eu vejo algo que me lembra de algo que me lembra outra coisa e por aí vai. Fuçando no blog da Pri (olha a intimidade) acabei caindo no link desse post. Quando eu cliquei no título, pensei ser uma coisa, e na verdade não era. Foi uma boa surpresa, gostei muito da idéia de fazer uma lista de 101 coisas pra concluir em 1001 dias. Adoro listas e ultimamente tenho feito muitas na agenda, e dá uma satisfação enorme riscar o item ou fazer um X no parênteses.
Mas essa tal coisa que eu pensei ser o assunto do post é uma matéria que eu li em (pasmem!) 2008 numa edição da revista Vida Simples, que eu ainda devo ter no meio dos imensos amontoados de revistas velhas em casa.
(Pasmem porque minha memória é péééééssima, muitas vezes conto uma história pra pessoa que me contou a tal coisa em primeiro lugar, e aí espero a reação dela super empolgada, e então fico com cara de não-entendi quando ela me olha com cara de "tá me zuando, né?")
Talvez eu tenha achado a idéia tão interessante que meu subconsciente arquivou na pasta de lembrar daqui 4 anos.
O artigo é antigo e não encontrei nos arquivos virtuais da Vida Simples. Mas a ideia é muito interessante, e mesmo acreditando ser impossível pra mim viver com apenas 100 objetos (veja só, sou uma amontoadora de objetos, principalmente os bonitinhos e/ou com água dentro), é um norte pra começar a se livrar do lixo inútil que me rodeia, e principalmente, que eu compro. Pode ser pra você também.
Ps.: Não fui atrás (e nem pretendo) de descobrir se deu certo ou não. Minha fé na humanidade é muito frágil e não vou arriscá-la à toa, haha.
Mas essa tal coisa que eu pensei ser o assunto do post é uma matéria que eu li em (pasmem!) 2008 numa edição da revista Vida Simples, que eu ainda devo ter no meio dos imensos amontoados de revistas velhas em casa.
(Pasmem porque minha memória é péééééssima, muitas vezes conto uma história pra pessoa que me contou a tal coisa em primeiro lugar, e aí espero a reação dela super empolgada, e então fico com cara de não-entendi quando ela me olha com cara de "tá me zuando, né?")
Talvez eu tenha achado a idéia tão interessante que meu subconsciente arquivou na pasta de lembrar daqui 4 anos.
100 coisas para viver por Drica Nazarian
Em um dia aparentemente corriqueiro, Dave Bruno sentiu- se sufocado com a quantidade absurda de coisas que viu ao seu redor. O americano se deu conta de que andava invertendo valores: amava as coisas e usava as pessoas. Para lutar contra o consumismo, propôs a si mesmo um desafio batizado de The 100 Thing Challenge (O Desafio das 100 Coisas): até 12 de novembro, deve concluir uma lista com os 100 objetos pessoais que considera indispensáveis. A partir daí, passará um ano vivendo com esse número de pertences. Claro que há algumas regras: tudo que é compartilhado em família não foi incluído na conta, assim como artigos de grande valor afetivo, teoricamente dignos de serem levados por uma vida inteira pela sensação nostálgica que oferecem, como a Bíblia usada pelo avô durante a guerra. Em seu blog, sucesso na web, o empresário mantém um registro sobre o passo-a-passo do desapego: aos poucos, a lista do que irá permanecer diminui, enquanto cresce o que será vendido, doado ou jogado fora. Como todos nós, abrir mão de bens materiais é encarado como um sacrifício que Bruno vivencia a duras penas. E esta é a parte mais desafiadora de sua proposta: reavaliar seus conceitos sobre conforto e necessidade. Desde então, economizou tempo, dinheiro e energia, dando importância ao que realmente vale a pena. Através de um esforço realista e voluntário, tem mostrado que podemos, sim, simplificar desordem, padrões, desejos e excessos sem que isso resulte em infelicidade.
O artigo é antigo e não encontrei nos arquivos virtuais da Vida Simples. Mas a ideia é muito interessante, e mesmo acreditando ser impossível pra mim viver com apenas 100 objetos (veja só, sou uma amontoadora de objetos, principalmente os bonitinhos e/ou com água dentro), é um norte pra começar a se livrar do lixo inútil que me rodeia, e principalmente, que eu compro. Pode ser pra você também.
Ps.: Não fui atrás (e nem pretendo) de descobrir se deu certo ou não. Minha fé na humanidade é muito frágil e não vou arriscá-la à toa, haha.
abril 25, 2012
Mundo Novo
Antes de começar o post, devo avisar que eu tenho uma mente extremamente um pouco confusa e provavelmente esse será um post não-conclusivo. Recomendado pra pessoas que queiram refletir ou estejam em profundo tédio, sem nada melhor pra ler. Se você espera conclusões brilhantes, sinto te decepcionar :T
Há muito tempo eu li Ismael (um livro ótimo, por sinal... seu sucessor, "A História de B" nem tanto) e esse livro me ajudou a perceber que quando nós estamos dentro de uma realidade, é difícil (ou quase impossível) enxergar essa realidade pelos olhos de alguém que não faz parte dela. Por exemplo, muitas vezes usamos a expressão "mitologia grega" numa boa, mas se alguém dissesse "mitologia cristã" eu ia querer ver o fuá que ia ser. Quer dizer, pra quem olha de fora, a religião pode ser mito e vice-versa.
E então há pouco tempo eu li Admirável Mundo Novo. O cenário é meio chocante, os valores são invertidos, monogamia é imoral e o pensamento individual é visto com maus olhos. Você lê e pensa "Que absurdo! Quanto retrocesso! Poligamia? Ai, cadê meus sais?".
E daí eu te pergunto: em que mundo nós vivemos? Num mundo monogâmico? Num mundo cheio de cabeças pensantes, com senso crítico apurado, dificilmente manipuláveis? Ah tá.
Um outro dia eu percebi que as pessoas ao meu redor - e também eu mesma - estão se afastando cada vez mais dos sentimentos intensos. É claro que uma dose de vodca pura (pra não citar nada mais pesado) é bem intensa. Mas emoções intensas. Porque machuca. Machuca sentir demais. A ressaca também machuca, mas nem se compara à dor que uma emoção forte pode causar. E então a gente se fecha e foge das emoções fortes pra não sentir dor. "Ah, eu me apaixonei por ele e ele não gosta de mim? Tudo bem, porque só pra garantir tratei de me apaixonar por outro enquanto isso. Ah, uma mulher que roubou um pote de manteiga foi condenada a 4 anos de prisão? Que chato, mas nossa! Tem uma liquidação no shopping!"
É assim no Admirável Mundo Novo. Tudo é milimetricamente calculado sem espaço pra erros, a Sociedade é perfeita e não há conflitos porque não existem fortes emoções. Ninguém briga, ninguém se magoa, é sempre tudo calmo e ninguém nunca está triste. Mas ninguém nunca está feliz. Ninguém pensa.
Eu sei que é mais fácil viver assim, sem sofrer, não dando muita importância pra nada nem ninguém. Economiza muita frustração e dor de cabeça, mas até que ponto é bom vendar os olhos, ligar o botão do foda-se e levar a vida no piloto automático?
Será que esse Mundo Novo é tão Admirável assim?
(Juro que comecei a escrever com uma idéia totalmente contrária a essa na cabeça, mas meus dedos têm vida própria e escrevem sozinhos, juro.)
Músicas que podem ter inspirado esse post:
Dreams - Fleetwood Mac
The Sound of Silence - Simon & Garfunkel
Submarine (não é uma música, mas)
PS.: Admirável Mundo Novo é um livro ótimo. Leiam!
Há muito tempo eu li Ismael (um livro ótimo, por sinal... seu sucessor, "A História de B" nem tanto) e esse livro me ajudou a perceber que quando nós estamos dentro de uma realidade, é difícil (ou quase impossível) enxergar essa realidade pelos olhos de alguém que não faz parte dela. Por exemplo, muitas vezes usamos a expressão "mitologia grega" numa boa, mas se alguém dissesse "mitologia cristã" eu ia querer ver o fuá que ia ser. Quer dizer, pra quem olha de fora, a religião pode ser mito e vice-versa.
E então há pouco tempo eu li Admirável Mundo Novo. O cenário é meio chocante, os valores são invertidos, monogamia é imoral e o pensamento individual é visto com maus olhos. Você lê e pensa "Que absurdo! Quanto retrocesso! Poligamia? Ai, cadê meus sais?".
E daí eu te pergunto: em que mundo nós vivemos? Num mundo monogâmico? Num mundo cheio de cabeças pensantes, com senso crítico apurado, dificilmente manipuláveis? Ah tá.
Um outro dia eu percebi que as pessoas ao meu redor - e também eu mesma - estão se afastando cada vez mais dos sentimentos intensos. É claro que uma dose de vodca pura (pra não citar nada mais pesado) é bem intensa. Mas emoções intensas. Porque machuca. Machuca sentir demais. A ressaca também machuca, mas nem se compara à dor que uma emoção forte pode causar. E então a gente se fecha e foge das emoções fortes pra não sentir dor. "Ah, eu me apaixonei por ele e ele não gosta de mim? Tudo bem, porque só pra garantir tratei de me apaixonar por outro enquanto isso. Ah, uma mulher que roubou um pote de manteiga foi condenada a 4 anos de prisão? Que chato, mas nossa! Tem uma liquidação no shopping!"
É assim no Admirável Mundo Novo. Tudo é milimetricamente calculado sem espaço pra erros, a Sociedade é perfeita e não há conflitos porque não existem fortes emoções. Ninguém briga, ninguém se magoa, é sempre tudo calmo e ninguém nunca está triste. Mas ninguém nunca está feliz. Ninguém pensa.
Eu sei que é mais fácil viver assim, sem sofrer, não dando muita importância pra nada nem ninguém. Economiza muita frustração e dor de cabeça, mas até que ponto é bom vendar os olhos, ligar o botão do foda-se e levar a vida no piloto automático?
Será que esse Mundo Novo é tão Admirável assim?
(Juro que comecei a escrever com uma idéia totalmente contrária a essa na cabeça, mas meus dedos têm vida própria e escrevem sozinhos, juro.)
Músicas que podem ter inspirado esse post:
Dreams - Fleetwood Mac
The Sound of Silence - Simon & Garfunkel
Submarine (não é uma música, mas)
PS.: Admirável Mundo Novo é um livro ótimo. Leiam!
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