novembro 10, 2013

Sobre diários e fotografias

Escrever e fotografar são modos de guardar para sempre algo perecível, como se tivéssemos o poder de congelar um segundo no tempo, eternizar um pensamento ou um pôr de sol.
 Eu sempre gostei muito de escrever e fotografar. Talvez não por acaso, eu experimentei o sentimento de perda muito intensamente e por muitas vezes na minha vida. Talvez seja esse desejo de materializar o impalpável e impedi-lo de se desvanecer o que move a minha paixão pelo registro de momentos importantes.
Mas hoje estou questionando as consequências dessa materialização do intocável. O registro de um sentimento encerra em sua tinta e cores o mesmo saber que eu experimentei ao tocá-lo?
A réplica, embora não adicione a si valor por ser réplica, subtrai importância de seu original. É um substituto que, ainda que tosco, substitui. A beleza, uma vez registrada e devidamente documentada, recebe licença para morrer, sem honras ou cerimônias.
Absorto na tarefa de materializar e eternizar o momento, o artista perde a oportunidade de aproveitá-lo plenamente e, portanto, absolutamente.
A raridade e exclusividade contida naquilo que permanece livre, imaterial, não-documentado, cobrem o momento com um verniz de surreal, transformando-o com o passar do tempo em uma lembrança difusa, perdida na linha que separa realidade e sonho.

3 comentários:

Amanda Larsen disse...

caramba!! eu amei é tudo mesma coisa comigo! Sou apaixonada por fotografar e escrever ai que tudo hahaha <3<3 Amei seu blog, estou convidando vc para visitar o meu cantinho tem como assunto de moda, livros, tendência etc venha conhecer <3 http://meninascapricho-dada.blogspot.com.br/

Unknown disse...

Profundo e lindo...

Unknown disse...

Textos e fotografia são diferentes formas de escrever, ambas transformando sentimentos em obras palpáveis. Em planos bem similares, são as minhas duas formas de arte favoritas.

Sobre as suas colocações, mais me chamou a atenção: "Absorto na tarefa de materializar e eternizar o momento, o artista perde a oportunidade de aproveitá-lo plenamente e, portanto, absolutamente."
É o que tenho sentido de uns tempos pra cá. Muitas vezes sacrificamos o momento pela necessidade de registrá-lo. Por fim, acaba um tanto vazio e sem o significado pleno.

Abraços!

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