março 01, 2011

Uma janela pra minha alma

Se meu eu criança olhasse pra mim hoje, eu com certeza receberia uns bons puxões de orelha. Sempre me orgulhei de ser diferente da maioria, não ser "cabeça oca" e me preocupar com coisas que muita gente não dá valor. Sempre me orgulhei de não gostar de rosa, não me preocupar com meu cabelo estar sempre no lugar e vestir a primeira roupa que encontrava no armário.
É claro que todo mundo muda, e dizer não às mudanças é dizer não à evolução, ao amadurecimento, ao crescimento. Mas eu estou muito distante de coisas que eram tão importantes pra mim...
O senso comum e os modismos são muito mais fortes do que eu pensava. Sem perceber, lentamente, eu fui cedendo, e hoje tenho várias revistas femininas (com matérias que se repetem a cada dois meses), roupas que eu usei duas vezes na vida e nunca mais vou usar entre outras dezenas de coisas que eu comprei e não preciso.
Não vejo problema em usar roupas cor de rosa (acredite, isso era questão de honra pra mim até uns 15 anos) ou me interessar por maquiagem, mas há meses não leio um livro. Há meses não assisto documentários (gostava daqueles bem chatos, sobre "a vida oculta no seu jardim" ou "a selva africana"), há meses não leio um bom artigo. Os anos me emburreceram e me tornaram cada vez mais fútil. Hoje cometo erros gramaticais que jamais sonharia cometer. Eu escrevia tanto, fotografava tanto, desenhava tanto... hoje meus passatempos são ler blogs femininos e assistir tv. Não há nada de errado com isso, exceto o fato de que não combina comigo.
Acho que pelo menos a minha preocupação com isso mostra que nem tudo está perdido. Talvez eu consiga me livrar dessa camada de superficialidade que encobre totalmente meu antigo eu. Não que eu vá queimar todas as minhas roupas cor de rosa (que na verdade acho que são duas ou três) ou jogar fora minhas bases, blushes e batons, mas acho que meu lado mais blasé, chatinho e metido a intelectual tá me fazendo falta...

(E talvez isso faça com que nível dos meus textos melhore um pouco... ou não.)

3 comentários:

Anônimo disse...

Entendo perfeitamente sua preocupação e vejo do mesmo jeito as coisas como acontecem.

[Só passei pra falar que concordo mesmo, acho desperdício ler algo que entre na cabeça e não dizer que li, que gostei.]

Carla Mazaro disse...

Super me indetifico! Mas é dificil acabar com essa camada de futilidade que impregna na gente, né? To tentando há uns anos...

Emilaine Vieira disse...

Nossa! Isso foi tão eu! Sério.
Ando pensando muito nessa contradição também. Tenho um lado nerd muito nerd que não consegue entender como é que eu fui me apegar tanto a esse lado "fashion" da vida! rs É como se fossem dois opostos vivendo na gente.
De qualquer maneira, fico feliz por não ser mais tão radical. :) Eu era assim, não vestia rosa e achava tudo isso ridículo. Fico me perguntando como é que mudou tudo!
Talvez seja uma questão de complementar. Né, vamos, se a gente pode ser bem vestida/arrumada e inteligente, por que fica só com o segundo?! hahaha

E gostei muito do seu blog!! :D

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